A capoeira regional foi criada por Manuel dos Reis Machado, mais conhecido como Mestre Bimba (1900-1974).
Bimba
criou sequências de ensino e metodizou o ensino de capoeira,
inicialmente chamando sua capoeira de "Luta Regional Baiana", de onde
surgiu o nome Capoeira Regional.
Manoel
dos Reis Machado, conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues, e
inclusive, ser um exímio praticante da capoeira Angola, procurou fazer
com que a capoeira tivesse uma força maior como luta e fez isto
incorporando a ela novos golpes. Um fato que é conhecido, é de que Bimba
teria incorporado golpes do batuque, uma luta já extinta, que era rica
em golpes traumáticos e desequilibrantes. Inclusive, sabe-se que o pai
de Mestre Bimba era praticante desta luta. Há
muita discussão também sobre se Bimba teria ou não absorvido golpes de
outras lutas, como judô, o jiu-jitsu, a luta livre e o savate, luta de
origem francesa, para compor sua capoeira Regional. Entre os velhos
mestres, essa é a opinião vigente, mas, apesar disso, eles não acham que
este fato seja negativo ou descaracterizador.
A
Regional surgiu por volta de 1930. Mas Mestre Bimba se preocupou não só
em fazer com que a capoeira fosse reconhecida como luta, ele também
criou o primeiro método de ensino da capoeira, as "sequências de ensino"
que auxiliavam o aluno a desenvolver os movimentos fundamentais da
capoeira.
Em
1932, foi fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira
registrada oficialmente, em Salvador, com o nome de "Centro de Cultura
Física e Capoeira Regional da Bahia".
Das
muitas apresentações que Mestre Bimba fez, talvez a mais conhecida
tenha sido a ocorrida em 1953, para o então presidente Getúlio Vargas,
ocasião em que teria ouvido do presidente: "A capoeira é o único esporte
verdadeiramente nacional."
Na
academia de Mestre Bimba, a rigorosa disciplina que vigorava
determinava três níveis hierárquicos: "calouro", "formado" e "formado
especializado". Uma das maiores honras para um discípulo era poder jogar
Iúna, isto é, jogar na roda de capoeira ao som do toque denominado
Iúna, executado pelo berimbau. O jogo de Iúna tinha a função simbólica
de promover a demarcação do grupo dos formados para o grupo dos
calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de Iúna em relação aos
jogos realizados em outros momentos no ritual da roda de capoeira era a
obrigatoriedade da aplicação de um golpe ligado no desenrolar do jogo,
além do fato de destacar-se pela maior habilidade dos capoeiristas que o
executavam. O jogo de Iúna era praticado apenas ao som do berimbau, sem
palmas ou outros instrumentos o que reforçava seu caráter solene. Ao
final de cada jogo, todos os participantes aplaudiam os capoeiristas que
saíam da roda.
A
Regional é mais recente, com elementos fortes de artes-marciais em seu
jogo. A Regional (Luta Regional Baiana) tornou-se rapidamente popular,
levando a Capoeira ao grande público e mudando a imagem do capoeirista
tido no Brasil até então como um marginal. Seu jogo é mais rápido, mas
também existem jogos mais lentos e compassados. Apesar do que muitos
pensam, na capoeira regional não são utilizados saltos mortais, pois um
dos fundamentos da capoeira regional, segundo Mestre Bimba é manter no
mínimo uma base ao solo (um dos pés ou uma das mãos). O forte da
capoeira regional são as quedas, rasteiras, cabeçadas.
Em
toques rápidos como São Bento Grande de Bimba se faz um jogo mais
rápido, porém sempre com manobras de ataque e defesa (importante
ressaltar que todos os golpes devem ter objetivo), mas sempre
respeitando o camarada vencido (parar o golpe se perceber que ele
machucará o parceiro, mostrando assim sua superioridade e humildade
diante do camarada). Ambos os estilos são marcados pelo uso de
dissimulação e subterfúgio - a famosa mandinga - e são bastante ativos
no chão, sendo frequentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas